Oi pessoal! Tudo bem? Quem aí já leu ou assistiu pela televisão alguma
daquelas histórias incríveis de superação? Como o rapaz sem braços e pernas que
dá um show de autoestima e palestras motivacionais (Nick Vujicic). Histórias
como essas são compartilhadas pela internet e a gente fica se perguntando:
"O que essas pessoas têm que eu não tenho?", ou "Como eu posso
ser tão ingrato, se tem gente passando por coisas muito piores?". A
primeira coisa que eu quero te dizer é: pare de se julgar! Você não é o outro,
cada um tem sua história, cada um tem uma dor e sente essa dor de um jeito
diferente. O seu sofrimento não é maior ou menor que o meu, independente do
problema. E eu acredito muito que a percepção e reação aos acontecimentos da
vida envolvem inúmeras coisas, como por exemplo a história de vida, a condição
psicológica e o suporte familiar. Por isso, não se sinta mal se você não tem a
mesma atitude daquela pessoa e não cobre esse tipo de atitude dos outros. Só
pense que talvez haja uma forma de você lidar melhor com tal problema e tente
aprender com isso.
Eu tenho recebido inúmeras mensagens de amigos que nasceram com Fissura
Labiopalatina assim como eu e que sofrem MUITO com baixa autoestima, dificuldade
de aceitação, preconceito de pessoas CONHECIDAS e desconhecidas, falta de
suporte dos amigos e da família, distorção de imagem, etc. Muitas dessas
pessoas evitam falar sobre isso porque as pessoas as julgam, acham que é frescura
e são cruéis. Por causa disso, eu decidi dar algumas dicas sobre RESILIÊNCIA para que possamos começar a falar mais abertamente sobre o assunto.
Vamos começar com a definição? Resiliência pode ser definida em diferentes
contextos, como na física ou psicologia. Em geral, essa palavra faz referência
a "voltar ao estado de origem". Mas eu gosto de pensar que a
resiliência não tem a ver com "retornar ao estado de origem", e sim com
"evoluir a partir daquela experiência", principalmente quando esta é
negativa. Por exemplo, em Psicologia, resiliência é a capacidade de a pessoa
lidar com problemas, adaptar-se as mudanças, resistir a situações adversas.
Alguns estudos citam a família como um dos principais pontos que
interferem no desenvolvimento da resiliência. Famílias que se adaptam a
problemas que acontecem em decorrência de mudanças ou situações de crise, podem
ser consideradas resilientes. No entanto, não é somente a família que interfere
na capacidade de resiliência da pessoa, mas também as questões sociais,
inserção na comunidade e experiências vivenciadas.
Então, minhas dicas para vocês tentarem desenvolver resiliência são as
seguintes:
- Gratidão é a chave! Tente encontrar uma estratégia para
focar nas coisas e pessoas que você tem nesse exato momento e ser grato por
elas. No meu caso, a meditação funciona bem...me traz para o momento presente
(ao invés de ficar pensando no passado ou no futuro) e me ajuda a ser grata por
tudo: pela minha saúde, pelas pessoas que me amam, pelas oportunidades, pelo ar
que estou respirando, pelas pessoas que trabalham para que eu tenha acesso aos
alimentos que consumo, pelo motorista do ônibus que eu pego, etc. Serei
sincera: não é fácil! Não é sempre que eu consigo ou que quero fazer isso! Mas
isso melhora com a prática e varia de um dia pro outro. E pode ser que a
meditação não funcione pra você, mas se você buscar vai encontrar sua própria
estratégia.
- Evitar pensamentos de
menos valia! Pensar que não somos bons o suficiente ou que não merecemos a
felicidade acontece, mas não pode virar um hábito! Todo mundo, certamente, tem esse tipo
de sentimento em algum momento da vida e tudo bem se isso acontecer! Mas temos
que concordar que isso não ajuda a resolver nada. Então, primeiro, o que eu normalmente
faço é notar que estou tendo esse tipo de pensamento/sentimento, ou seja,
identificar aquilo. Em seguida, tento imediatamente mudar a estratégia. Às vezes
eu penso que tenho duas opções: 1) ficar pensando daquela forma, sofrendo, e
não tomar nenhuma atitude para mudar aquilo, ou 2) Mudar minha forma de ver as
coisas, lidar com o problema (seja para enfrentar ou para deixar pra lá, de
forma que eu decida "as guerras que valem a pena serem lutadas").
Outras vezes eu faço algo que me distrai, ou algo que me traz mais
auto-confiança e sensação de controle. Por exemplo, no meu caso, quando eu me
exercito eu sinto que estou no controle da minha vida, sinto que eu sou capaz
de tudo o que eu quiser (pode parecer loucura, mas funciona pra mim.rs); as
vezes coloco uma playlist ou um vídeo que me deixa feliz e animada, com maior
disposição para lidar com o problema. É todo dia que consigo fazer isso? NÃO!
Mas eu sei que isso funciona e tento me condicionar aos poucos. É um processo
de aprendizagem, como qualquer outra coisa!
- Esteja perto de pessoas que te acrescentam e te
fazem sentir bem! Por muito tempo eu cultivei amizades que não me acrescentavam, ou até
que me faziam mal. Pessoas muito negativas, que reclamam demais (o tempo todo),
pessoas que estão sempre falando sobre bens materiais ou sobre como são
superiores ou fazendo muita fofoca, acabam sugando muito a minha energia! Eu
fico simplesmente esgotada! E, por algum motivo, eu não percebia isso e acabava
mantendo contato próximo com essas pessoas. São pessoas que me fizeram algo de
mal? Não necessariamente! Mas de uns tempos pra cá eu tenho evitado estar perto
de gente assim, que não me faz bem e isso tem sido transformador!
A Sociedade Brasileira de Resiliência (SOBRARE) também aponta algumas estratégias para desenvolver/melhorar a resiliência:
- Ter em mente o seu objetivo, o que te faz seguir em frente
- Focar em comportamentos que lhe trazem confiança
- Entender os motivos de você agir como age quando se encontra em situações instáveis, e quebrar esse padrão
- Treinar como será a sua nova reação frente a situações difíceis e se empenhar para mudar os antigos comportamentos
OBS: se você quiser ver a matéria completa da SOBRARE, acesse o link: http://sobrare.com.br/quatro-passos-fundamentais-para-conquistar-comportamentos-resilientes/
Bom pessoal, era isso que eu tinha para conversar com vocês hoje.
Preparei esse post em colaboração com a minha amiga e psicóloga Juliana Brocco Ferrari, e espero muito que vocês tenham gostado!!
Beijo enorme!
Laís Vidotto
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